Varra os cantos!
Ao realizar uma entrada tática, uma das primeiras ações exigidas de um operador especial é “varrer os cantos”, que significa averiguar a existência de vulnerabilidades em locais perpendiculares que, muito comumente, servem como esconderijos para inimigos à espreita ou armadilhas.
Para essas ações ágeis, a furtividade humana é uma característica que deve ser explorada ao máximo, pois é preciso progredir sobre o território hostil sem ser percebido e o mais importante — sem ser alvejado.
Até aqui você já deve ter se lembrado do “olhou, fatiou, passou” proferido pelo Capitão Nascimento, no filme Tropa de Elite, ao instruir o aspirante Neto, na condição de aluno “06”, em uma instrução de incursão tática.
É, meu irmão, um caveira precisa saber em que passada deve andar.
Foi Henri Bergson, filósofo francês do século XIX, quem nos chamou a atenção para o fato de que é preciso agir como homem de pensamento e pensar como um homem de ação.
Em nosso mundo, não há espaço para afobados. Cada passo é calculado, justamente porque reações catastróficas estão à espreita dos desavisados cuja audácia é uma fraqueza permanente.
Como não se lembrar também daquela primeira prova de concurso público policial em que, tomados pelo amadorismo e por uma ânsia incontrolável de vencer, entramos de peito aberto sem saber o que nos esperava?
Após o choque de realidade da reprovação, somos alertados das armadilhas escondidas nos editais, minuciosamente preparadas por avaliadores experientes e, por que não, sádicos.
Para vencê-los, é preciso ter humildade e nunca se achar superior aos demais concorrentes, pois se torna forte o homem que, antes de tudo, se reconhece como mortal.
Portanto, quando Deus te der uma nova oportunidade, varra os cantos, averigue as brechas, considere os inimigos escondidos e avance sob o território a que você está destinado.
Em breve, você se lembrará com orgulho do aparente caminho de morte transformado em triunfo.