Quando criança, em meio aos desfiles cívico-militares aos quais o meu pai me levava, pude aguardar por diversas vezes, com ansiedade e entusiasmo, a passagem de uma tropa especial.
Pela reação do público, à medida que aqueles policiais se aproximavam, eu percebia que definitivamente eles não eram comuns. Afinal, pairava no ar um misto de admiração e medo, como se as vossas presenças, na mesma proporção em que eram requisitadas, também o fossem temidas.
Foi apenas quando me tornei adulto que pude entender o real significado daquelas memórias. Choqueanos são cavaleiros da paz e da ordem em meio a uma multidão que clama pelo caos.
Você não os verá no policiamento ordinário, com todos os méritos que essa modalidade possui, porque o propósito para o qual eles foram chamados não é compatível com aquilo que é comum. Na verdade, a lógica é diametralmente oposta: quando tudo parece beirar a anomia social, será o momento ideal para que os choqueanos entrem em ação.
Inspirados nas táticas de defesa utilizadas pelo exército romano e formados em meio ao gás que lacrimeja e à pimenta que faz arder a derme, esses policiais não se sentem intimidados com a insubordinação civil.
Por que não dizer que um pelotão de choque dá conta de uma turba de milhares?
Um de seus princípios, capaz de solidificar os seus escudos, é justamente a indivisibilidade a todo custo. Explico: uma tropa de choque não pode ser penetrada.
Assim, a força desses guerreiros também pode ser medida pela frieza com que resistem à tempestade.
Seu escudos e capacetes, companheiros diante dos revoltosos, não representam para eles um fardo do qual se livram com vigor ao final de um cenário de crise. Antes de tudo, eles são instrumentos do restabelecimento da normalidade social.
Portanto, meu irmão, não se engane.
No Brasil, ainda existem homens e mulheres dos quais a nossa bandeira os chama de servos bons e fieis.