Aonde tens ido?
Não sei se você já parou para pensar que, em determinados momentos da vida, não sabemos ao certo aonde estamos indo, mas simplesmente somos levados pelas circunstâncias a caminhos que se mostraram oportunos ou convenientes.
Quando perguntados sobre a satisfação pessoal em relação ao lugar a que chegamos, ainda que momentaneamente, um sorriso amarelo, envergonhado, custa-nos o suficiente para acenar uma resposta negativa. Em meio à frustração, lágrimas ousam escorrer pelo rosto.
Mas tudo isso não te torna especialmente extraordinário.
O homem que não é manutenido na dor se torna vulnerável.
É preciso sobreviver e embarcar sob águas turvas.
Na história militar, muitas reviravoltas bélicas ou pessoais se iniciaram a partir da passagem por um rio.
Sobretudo porque navegar não significa apenas se deixar levar pelo curso das águas, mas também adotar atitudes que permitam uma incursão com direcionamento e recursos necessários à sobrevivência.
Enquanto os incêndios queimam a vegetação ribeirinha, triunfamos em meio às águas cuja profundidade já no assustou.
Ainda que terceiros nos julguem e nos apontem. Não importa.
A verdade é que a subserviência, sempre pronta a se curvar à vontade dos outros, nos torna escravos da opinião alheia.
Mais importante do que tudo isso é saber que morre todos os dias, sob circunstâncias diversas, o homem cujos sonhos ficaram pelo caminho.
O pacifismo servil é custoso aos mortais, abandonados na sarjeta do tempo à própria sorte ou à margem do rio.
Caveira, qual foi a última vez que você realmente quis ir a algum lugar?
Que os teus alvéolos respirem não apenas pela necessidade de sobreviver, mas sobretudo pela tua satisfação de realizar antigos sonhos.