Por onde anda a tua numérica?
Nas Operações Especiais, a numérica conferida a um aluno é intransferível e insubstituível por sua própria natureza. No triunfo ou no fracasso, ela acompanhará o seu portador desde os primeiros momentos do curso e será a identificação do policial que agora se transforma em aprendiz, não mais sendo chamado por seu nome, mas por “01”, “02”… Nesse sentido, aquele que a recebe tem como obrigação zelar por sua permanência na sangrenta forja até à brevetação, momento em que os perseverantes são recebidos como irmãos, como caveiras.
Na jornada em direção à glória, inevitavelmente muitos ficam pelo caminho por motivos diversos que nem sempre dependem da vontade, sobretudo porque também é preciso ter alguns “s” — sorte, sagacidade, saúde, simpatia e saco. E eu sei que algum deles pode ter faltado a você no estudo para as carreiras policiais.
Afinal, por onde anda a tua numérica? Caveira, a numérica faz parte da nossa identidade pessoal e nem mesmo o barulho ensurdecedor das circunstâncias é capaz de silenciar aquilo para que nascemos vocacionados. Enquanto o tempo passa, eu sei que você pode ter até esquecido que recebeu uma, mas diante da tua vontade de recomeçar, nada disso importa.
Contudo, tenha calma. Não se desespere agora, porque recomeços exigem paciência. A ambição por resultados imediatos poderá te levar a novas frustações, respire… Nesse reinício, você precisará reorganizar o teu horário, dedicar mais tempo às disciplinas básicas e encarar os erros como saídas para reciclar aquele conhecimento que um dia foi desperdiçado. Com o passar dos dias, você ganharánovo fôlego e perceberá que aquilo que estava distante vai se tornando mais palpável, os acertos começam a aparecer, a nossa “sorte” vai sendo mudada.
Portanto, não adie o inevitável. Se o tempo tem o poder de nos distanciar de nossos sonhos, ele também é um dos responsáveis por nos mostrar a nossa essência. Nós temos o compromisso institucional de te dizer que é chegado o momento de recuperar a numérica abandonada. Desde a tua desistência, podem ter passado 5, 10 anos… Não importa. Nada além do brevê trará paz ao homem que foi escolhido para a missão de ser especial.